Prova Cega! Avalie como um PRO! A diversão essa está garantida!

Provar vinhos às cegas não significa provar vinhos sem os ver. Uma prova cega é um processo de avaliação de um vinho sem ver o seu rótulo e sem saber nada sobre ele. Através do seu aspeto visual, aroma e sabor pretende-se avaliar as suas características e a sua qualidade, e determinar a sua região vitivinícola, castas utilizadas e idade ou ano de colheita.

Os profissionais adoram provar vinhos às cegas. Consideram que é a única forma de avaliarem um vinho sem nenhum preconceito ou ideia pré-concebida. É também uma forma de testarem e cultivarem os seus conhecimentos e aptidões.

Claro que, ser um perito em provas cegas requer conhecimento e muito treino. É preciso provar muito para se conseguir identificar as características distintivas de cada casta, de como se comporta em cada terroir, como se desenvolve perante diferentes técnicas de vinificação, como evolui com o envelhecimento enfim, todo um sem número de variáveis que influencia o precioso líquido que temos no copo.

Mas, não precisa de ser um profissional para fazer uma prova cega. Se quiser desenvolver mais conscientemente o seu palato sem ser influenciado por rótulos esta é uma das formas mais objetivas e divertidas de degustar um vinho. Vai ver o quão surpreso vai ficar com as suas notas finais. Utilize algumas destas dicas para se iniciar numa prova cega.

Como preparar uma prova cega
Junte um grupo de amigos e peça para que cada um traga uma garrafa de vinho. Peça a uns para trazerem brancos e a outros para trazerem tintos.  As garrafas devem ser previamente tapadas para que ninguém veja o rótulo. Envolvê-las em folha de alumínio é uma forma fácil para cumprir o pretendido.

Numere os vinhos de forma a que os brancos sejam servidos em primeiro lugar, depois os rosés e os tintos em último.

Cada conviva deve ter á sua disposição:
- um copo de vinho de vidro transparente;
- um copo de água, para limpar o palato entre degustações;
- um bloco de notas e uma caneta, para escrever as suas apreciações.

Geralmente os profissionais cospem o vinho. A razão é simples. Dada a quantidade de vinhos que têm de provar, se os ingerissem provavelmente não conseguiriam chegar ao fim de algumas provas. E, se conseguissem, os seus sentidos ficariam afetados e a avaliação seria prejudicada. Na realidade não precisa de engolir um vinho para o avaliar.  

Se algumas pessoas pretenderem cuspir tenha sempre disponível um recipiente para o efeito. E, se não tiver nenhum que se adapte, uns copos de plástico cumprem muito bem a função. Disponibilize umas bolachas de água e sal ou umas crackers para as outras que não gostam de cuspir.

DICAS para avaliação e apreciação de um vinho

ASPETO (visão)

Prova Cega-Cor do Vinho

A cor e a limpidez do vinho dão-nos muita informação. Com o tempo vai perceber que algumas castas têm cores mais escuras do que outras. A profundidade da cor e as diferentes nuances também lhe dão pistas sobre a densidade e saturação do vinho.

Quanto mais intenso mais encorpado e quanto mais brilhante mais jovem. Um vinho tinto antigo tende a uma cor mais acastanhada com nuances de cor de tijolo enquanto um vinho jovem tem uma cor violácea vívida. Um tinto estagiado em barrica vai apresentar uma cor granada quase sem brilho.

Ao contrário do que ocorre nos tintos, que vão perdendo cor com a idade, um vinho branco antigo ganha mais cor por causa da oxidação. Os vinhos brancos são mais claros quando jovens e vão ficando mais dourados ou marrons á medida que envelhecem. Um branco amarelo-dourado pode também indicar estágio em barrica. Brancos muito jovens são brilhantes e podem ter nuances esverdeadas. Os rosés vão ficando mais escuros com o tempo.

Se está a observar um vinho turvo isto poderá indicar que está perante um vinho não filtrado provavelmente fruto de uma vinificação natural, que agora está tão em voga. Se o vinho tiver sedimentos pode também tratar-se de um vinho com alguma idade.

E a “lágrima” que escorre pelas paredes do copo. Sabe o que pode significar? Quanto mais densa for essa viscosidade mais álcool o vinho contém.

E, claro que se estiver perante um vinho espumante vai notar efervescência e bolhas.

Como pode ver a simples observação de um vinho já dá uma miríade de pistas sobre as suas características.

AROMAS (olfato)

Prova Cega - Aromas do Vinho

Gire o vinho no copo para o arejar e ajudar a libertar os aromas. Inale os aromas de uma forma rápida e curta e depois de uma forma lenta e longa para perceber o que é melhor para si. Faça-o delicadamente senão acaba por apenas sentir o álcool no nariz.

Divirta-se a identificar os aromas, mas mais importante do que nomeá-los é tentar perceber a intensidade aromática, que geralmente é avaliada de 1 a 5, em que 1 significa levemente aromático e 5 significa aromas pronunciados. Perceber quantos níveis de aromas é que o vinho tem é algo que também deve treinar. Quanto mais níveis mais complexo e interessante é um vinho.

Os aromas do vinho estão classificados em três níveis: primários, secundários e terciários.

- Aromas primários: Provenientes da variedade das uvas podem ser frutados, florais, vegetais e/ou minerais. Cada casta tem os seus aromas característicos. Divirta-se a adivinhá-los. Com o tempo vai conseguir identificar muitos aromas e perceber as diferenças entre cada casta.

- Aromas secundários: Provenientes da fermentação alcoólica e malolática podem ser frutados (tropicais, cítricos, florais, maçã, banana e até frutos vermelhos), de panificação (biscoito, miolo de pão, fermento), cremosos e amanteigados fruto da fermentação malolática (manteiga, leite, natas, iogurte, queijo), aromas torrados, picantes e até de frutos secos.

- Aromas terciários: aparecem com o envelhecimento em garrafa. Vinhos tintos envelhecidos podem desenvolver aromas de caça, couro, trufa, caixa de charuto, tabaco, alcatrão, fumo, cedro, resina e cogumelo, entre outros. Vinhos brancos envelhecidos podem desenvolver aromas a nozes, cogumelos entre outros.

Não esquecer os aromas-defeito. Alguns dos mais comuns:
-TCA (cheiro a rolha) origina odores que lembram mofo ou cartão molhado;
- Redução, proveniente da falta de oxigénio, origina odores de borracha ou enxofre;
- Oxidação, proveniente do contacto excessivo com o oxigénio, origina odores a vinagre, acetona ou verniz de unhas;
- Brett (Brettanomyces), causado por um género de levedura que se instala nas barricas origina odores a suor de cavalo e a estrebaria.

Só quando se deparar com uma destas falhas aromáticas é que vai ficar a conhecer a sua sensação olfativa mas assim que ocorrer vai logo perceber que algo não está bem.

O nariz de um vinho também lhe vai permitir perceber a sua evolução, isto é, em que estágio da sua vida se encontra. Se está perante um vinho jovem, em evolução, se é um vinho evoluído ou se já está “cansado”, i.e., se já passou o seu auge.

SABOR (palato)

Prova Cega - Sabor do Vinho

Quando provar o vinho, dê um pequeno gole e faça circular o vinho por toda a boca. O que pretende avaliar é: doçura, acidez, álcool, taninos, álcool, corpo, intensidade de sabor, características de sabor, final e equilíbrio.

Doçura

Prova Cega - Doçura Vinho

É uma das primeiras sensações e permite determinar se o vinho é seco, meio seco, doce, meio doce ou doce.

Acidez

Prova Cega - Acidez Vinho

A perceção do grau de acidez presente num vinho ocorre de acordo com a salivação principalmente nas partes laterais da língua. Quanto maior o grau de acidez mais tendemos a salivar.

A acidez dá pistas sobre a longevidade de um vinho e até sobre se as uvas vêm de um clima mais quente ou mais frio; vinhos com mais acidez têm maior potencial de envelhecimento; uvas provenientes de clima frio têm mais acidez; os vinhos com menos acidez tendem a ser mais suaves. Geralmente a acidez é avaliada de 1 a 5 em que 1 é pouco ácido e 5 é de acidez elevada.

Taninos

Prova Cega - Taninos Vinho

Os taninos são um componente orgânico que se encontra nas películas das uvas e no engaço. Como os vinhos brancos e rosés têm pouco contacto com as películas são pobres em taninos, e a sua presença é muito subtil ou mesmo impercetível. Nos tintos é uma característica importante.

Os taninos manifestam-se através da uma sensação de secura ou de adstringência. Um vinho tem taninos elegantes ou macios quando sentimos a sua presença, mas de uma forma agradável. O excesso de taninos ocorre quendo sentimos uma secura excessiva na boca.

Com a prática vai perceber que há castas mais tânicas do que outras. As variedades de uva com as películas mais grossas têm mais taninos. É o caso por exemplo da Tinta Roriz, Baga, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Castelão, Syrah, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet entre outras. Geralmente avalia-se o nível de taninos de 1 a 5 em que 1 é pouco tânico e 5 significa taninos altos.

Álcool


Prova Cega - Alcool Vinho

Avalie o teor de álcool em baixo, médio e alto. O teor de álcool também é indicativo da maturação das uvas. Vinhos provenientes de regiões quentes tendem a ter maior teor de álcool.  É muito difícil de explicar como sentir o álcool até porque a sensação é diferente de pessoa para pessoa. Um vinho com alto teor alcoólico pode conferir uma sensação quente ou uma sensação de persistência ou intensidade. O melhor mesmo é experienciar.

Corpo

Prova Cega - Corpo Vinho

O corpo de um vinho dá uma sensação de peso e volume que é proporcionada pela combinação dos elementos que compõem a sua estrutura: álcool, acidez, taninos, concentração de frutas e açúcar residual.

Um vinho de corpo leve tem geralmente uma percentagem de álcool abaixo dos 12,5%. Geralmente são vinhos com um teor de acidez alto e fruta delicada como os vinhos brancos frescos ou tintos de climas mais frios.

Um vinho de corpo médio tem geralmente um teor alcoólico entre os 12,5% e os 13,5%, com taninos e teor de acidez equilibrados.

Um vinho encorpado tem geralmente um teor alcoólico superior a 13,5%, acidez média, fruta intensa e, no caso dos tintos, taninos pronunciados. A maioria dos vinhos encorpados são tintos, mas há alguns brancos que podem ter este perfil.

Geralmente o corpo de um vinho também se avalia numa escala de 1 a 5: em que 1 é corpo leve e 5 é encorpado.

Intensidade de sabor

Prova Cega - Intensidade de Sabor Vinho

É o grau de concentração de sabor. Geralmente um vinho de cor mais escura tem maior intensidade de sabor. A intensidade de sabor também se avalia de 1 a 5 em que 1 é leve e 5 é pronunciada. Pode ou não coincidir com a intensidade aromática.

Características de sabor

Prova Cega - Caracteristicas Sabor Vinho

Tal como fez quando avaliou os aromas aqui também vai quere perceber se o seu sabor é primário (sabores provenientes da uva), secundário (sabores provenientes da fermentação) ou terciário (sabores provenientes do envelhecimento). Se leu este artigo com atenção já sabe que, se o vinho for jovem, pode ter aromas secundários mas não vai ter nem aromas nem sabores terciários.

Final

Prova Cega - Final Vinho

Depois de engolir ou cuspir vamos perceber se a duração das sensações do vinho na boca, isto é, o final de boca, é curto, médio-menos, médio, médio-mais, ou longo.

Equilíbrio

Prova Cega - Equilibrio Vinho

Um vinho equilibrado é aquele em que todos os componentes estruturais: doçura, acidez, tanino, álcool e fruta se encontram em harmonia. Todos se complementam e nenhum se sobrepõe a outro.

No final da prova troque impressões com o grupo e depois revele o rótulo. Garantimos que vai ser hilariante, mas, desfrutar de bons vinhos em boa companhia e de uma forma divertida é sempre o objetivo.

E, claro, não se limite ao habitual e prove vinhos diferentes: castas diferentes, regiões diferentes, vinhos do velho mundo, vinhos do novo mundo! Não se limite ao óbvio.

Boa prova!

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