
Numa noite tão especial o vinho é uma presença fundamental para festejar este dia. Conheça a história das mais icónicas e deliciosas sobremesas de Natal do mundo, experimente as nossas sugestões de harmonização e feche com chave de ouro a comemoração mais antiga da humanidade. Feliz Natal!
Portugal - Bolo-Rei
Este bolo feito de massa doce levedada, coberto e recheado de fruta cristalizada, fruta seca e polvilhado de açúcar é moldado em forma de anel e é o centro da mesa de Natal dos portugueses. Embora a sua origem seja pagã atualmente a sua confeção está muito ligada ao feriado cristão de 6 de Janeiro, o Dia de Reis, que celebra a chegada dos Reis Magos a Jerusalém. Esta tradição está também enraizada em França, Espanha e América Latina.
Segundo a tradição ibérica, é colocada uma fava seca na massa do bolo, e a pessoa que a encontrar tem de pagar o bolo. No México é colocada uma estatueta de um bébé que simboliza Jesus, e a pessoa que o encontrar é esperada para acolher uma festa no Día de La Candelaria.
Porto Tawny 10 anos
Os bolos ricos em frutos secos, manteiga e levedura necessitam de um vinho complexo, intenso e com uma persistência aromática proporcional a estes frutos secos. Um Porto Tawny 10 anos com sabores como framboesa ou mirtilos secos, canela, cravo-da-índia e caramelo é uma combinação natalícia por excelência para acompanhar uma ou duas fatias de Bolo-Rei.
Alemanha – Lebkuchen
Estas bolachas tradicionais de gengibre e mel têm uma textura entre um bolo e um biscoito sendo macios e densos. Remontam à Alemanha do século XIII onde foram criadas por monges católicos da Baviera. Inicialmente eram bolos de mel altamente apreciados pois considerava-se que o mel tinha propriedades curativas. Mais tarde foram adicionadas especiarias para aliviar a dor de estômago e passaram a ser conhecidas como bolachas de pimenta.
Atualmente Lebkuchen é o nome genérico para uma enorme variedade de diferentes bolachas que se distinguem por ligeiras alterações nos ingredientes e especialmente pela quantidade de frutos secos utilizados. Os ingredientes base são: avelãs, amêndoas e/ou nozes, laranja cristalizada, casca de limão, mel, farinha, açúcar e ovos. Esta massa é depois aromatizada com especiarias exóticas de todo o mundo: gengibre, canela, cravinho, anis, pimenta da Jamaica, cardamomo, coentros ou noz-moscada. Por vezes, para diferentes sabores ou texturas, é misturado cacau, maçã assada, maçapão ou caju.
As diferentes variedades têm também diferentes formatos. Um dos mais icónicos é em forma de coração decorado com gelo e divertidas inscrições.
Tokaji Aszù
Este original vinho branco doce, com aromas delicados de citrinos e especiarias, notas de pêssego e mel, refrescante, suave e com uma acidez natural extremamente equilibrada vai muito bem a acompanhar estas bolachas alemãs de Natal.
Austrália e Nova Zelândia – Pavlova
Foi criada nos anos 20 durante a digressão que a bailarina russa Anna Pavlova fez a estes dois países. A sua criação é tema de aceso debate já que ambos os países reclamam para si a sua origem. Crocante por fora e macio por dentro este bolo de merengue coberto com natas e fruta açucaradas ou ácidas é o centro da mesa de Natal da Austrália e da Nova Zelândia. De morango, kiwi, maracujá, banana, frutas vermelhas ou pêssego são inúmeras as Pavlovas confecionadas.
Champagne
Um elegante Champagne rosé é uma combinação triunfal para acompanhar a Pavlova de Natal.
Brasil – Rabanadas
Tal como acontece com muitas outras tradições natalícias, foram os Portugueses que apresentaram a Rabanada ao Brasil. O primeiro registo data do século XV e são extremamente populares na época de Natal por todo o Brasil sendo o Nordeste o principal consumidor. Feitas com pão redondo cortado em fatias grossas, são mergulhadas em leite aromatizado com açúcar e baunilha, passadas em ovos batidos, fritas em óleo e polvilhadas com açúcar e canela. Como resultado, a rabanada é mais doce e estaladiça do que a torrada francesa (Pain Perdu), americana (French Toast) ou inglesa (Eggy Bread).
Vinho Moscatel
Para equilibrar esta fritura de Natal coberta de açúcar e canela sugerimos um vinho doce mas com presença de acidez natural como a de um vinho Moscatel. Um Moscatel de Setúbal um Moscatel Roxo ou um Moscatel do Douro são um excelente pairing para celebrar este doce levado para o Brasil pelos Portugueses. Com aromas cítricos e florais são vinhos perfumados e elegantes. Quando envelhecidos em madeira são vinhos excecionais.
Espanha – Tarte de Santiago
Desconhece-se a origem deste tarte, típica da região da Galiza, mas sabe-se que remonta à época medieval e que era consumida pelas famílias ricas já que na altura as amêndoas eram um bem caro e escasso.
O primeiro registo data de 1577 com o nome de Tarte Real mas foi apenas no século XIX que se popularizou. Em 1877 foi encontrado um caderno com a receita original, o que levou a que os pasteleiros da Galiza começassem a confecionar esta tarte com o nome pela qual é hoje conhecida “Tarta de Santiago”.
Ao contrário da sua origem, a história da cruz de Santiago que adorna a tarte é bem conhecida. Em 1924, uma confeitaria da Galiza decidiu dar à sua tarte um toque que a diferenciasse colocando um molde com o formato da cruz da Ordem de Santiago antes de a polvilhar de açúcar em pó. Esta iniciativa foi copiada por todos os orgulhosos pasteleiros de Santiago de Compostela ao ponto de todas as tartes exibirem a silhueta desta cruz tornando-se popular entre os peregrinos que visitavam as relíquias do santo padroeiro.
Atualmente a sua confeção continua a ser feita com base nas receitas tradicionais do século XIX. Com uma deliciosa base de amêndoas trituradas, ovos, açúcar, canela, raspas de limão e aguardente é polvilhada com açúcar em pó com a silhueta da cruz da Ordem da Cavaleiros de Santiago.
Porto Branco 20 Anos
Esta categoria de Porto, envelhecido em madeira, tem aromas a frutos secos, laranja cristalizada, padaria, mel e especiarias, persistente e mais fresco mais do que os Tawny da mesma idade é uma combinação divina com esta tradicional, artesanal e intensa Tarte de Amêndoa.
França – Tronco de Natal
É o bolo tradicional de Natal mais popular de toda a França. A sua origem remonta ao antigo povo Celta e á sua tradição de celebrar o Solstício de Inverno queimando um tronco como oferenda ao Sol para celebrar o seu regresso.
Quando a igreja católica erradicou as práticas pagãs o povo adaptou-se e manteve a tradição de outra forma. Enormes e pesados troncos eram carregados para serem queimados lentamente nas lareiras.
Nos tempos mais modernos, com a substituição das lareiras por fogões, as pessoas passaram a queimar um pequeno ramo colocado no centro da mesa rodeado por doces e guloseimas que eram depois oferecidos aos convivas.
Na década de 1870, este pequeno ramo deu lugar à criação parisiense Bûche de Noël como uma alternativa simbólica do tronco de madeira.
A receita tradicional desta indispensável sobremesa francesa consiste numa torta esponjosa recheada e coberta de creme de manteiga de chocolate. Para que se assemelhe a um tronco é utilizado um garfo que se passa em cima da cobertura. A decoração pode ser mais simples, utilizando apenas açúcar em pó para simular neve, ou mais luxuriante com bagas, raspas de chocolate, cogumelos de merengue e ornamentos vários feitos com fondant.
Para além da França esta doce iguaria é também uma tradicional sobremesa de Natal na Bélgica, Suíça, e várias ex-colónias francesas, tais como Canadá, Vietname, e Líbano.
Sauternes
Estes vinhos de colheita tardia da região de Bordéus feitos predominantemente com a casta Sémillon, e Sauvignon Blanc e Muscadelle são extremamente equilibrados devido à sua acidez natural elevada. Com sabores como o do damasco, marmelo, mel, gengibre e creme de limão são uma escolha perfeita para acompanhar este Tronco de Natal.
Inglaterra – Pudim de Natal
É a famosa sobremesa de Natal britânica e a sua origem remonta ao século XIV. Originalmente feito com carne de vaca ou de carneiro, passas de uva, groselhas, ameixas secas, vinho e especiarias era servido como entrada. Em 1595 transformou-se numa espécie de Pudim de Ameixa e era confecionado com ovos, pão ralado, fruta seca, cerveja e bebidas espirituosas.
As superstições e tradições associadas aos Pudins de Natal são inúmeras. Uma delas diz que o Pudim deve ser feito com 13 ingredientes para representar Jesus e os Seus Discípulos e que cada membro da família deve revezar-se para mexer o pudim com uma colher de madeira de leste a oeste, em honra da viagem dos três Reis Magos nessa direção.
O ramo decorativo de azevinho no topo do pudim é uma lembrança da Coroa de Espinhos que Jesus usava quando foi morto, e na Idade Média acreditava-se que o ramo de azevinho trazia boa sorte e tinha poderes curativos. Por vezes o Pudim é flambeado com Brandy ou outra bebida alcoólica dizendo-se que representa o poder e o amor de Jesus. Colocar uma moeda de prata é outra tradição antiga que se diz trazer sorte à pessoa que a encontrar e que inicialmente era um feijão seco ou uma ervilha.
Atualmente a receita é relativamente simples; farinha, pão ralado, sebo, frutos secos, cascas cristalizadas, açúcar, especiarias, sal, e álcool (na sua maioria brandy, mas também se utiliza rum e cerveja) são misturados numa massa. A massa é prensada num molde e cozida a vapor durante várias horas. No passado, era embrulhada num pano ficando em forma de bola de canhão daí este Pudim ser muitas vezes assim designado especialmente quando fica mais pesado. É frequentemente emparelhado com manteiga de brandy, molho de brandy, creme de leite ou molho de limão.
Porto Tawny 20 Anos
Um Porto Tawny 20 anos evoluído e intenso com os seus sabores especiados de frutos secos, ameixas secas, tâmaras ou figos, caramelo, baunilha, canela, raspa de laranja, e notas de madeira é o pairing por excelência com o Pudim de Natal Inglês ele mesmo com sabores intensos de frutos secos e especiarias.
Itália - Panettone
Há muitas histórias associadas à origem deste bolo doce italiano recheado com passas e cascas de laranja e limão cristalizadas tradicionalmente apreciado no Natal e outrora exclusivo da cidade de Milão. Dado que era feito com muita manteiga, mel e passas era conhecido como Panettone del Ton, que significa no dialeto milanês, o pão de luxo.
Reza a lenda que foi inventado por um nobre milanês chamado Ugheto Atellani como meio de conquistar o coração de Adalgisa, a filha do padeiro local por quem ele se apaixonou. Como a sua amada era de classe baixa, Ugheto via a sua perspetiva de casar com Adalgisa bastante remota. Com a invenção desta iguaria as vendas do pai de Adalgisa aumentarem assim como a sua riqueza e o seu estatuto. Desta forma foi possível realizar o casamento do apaixonado casal.
Vinho Madeira Bual
Este Madeira meio doce, com um bouquet intenso e complexo a frutos secos, com notas de baunilha e madeira não deixa ninguém indiferente e é espetacular com um bolo de massa doce com fruta cristalizada como o Panettone.
Jamaica – Bolo Preto
Também conhecido por Bolo de Frutos, Bolo de Rum ou Bolo de Natal é um bolo rico e escuro de frutos embebidos em rum. Pensa-se que teve origem nos colonos britânicos que se instalaram nas ilhas durante o século XVIII trazendo consigo receitas de pudins de fruta cozida. Os ilhéus adaptaram estas receitas adicionando ingredientes e licores locais e dando vida ao atual bolo de rum que reflete centenas de anos de história. Cada jamaicano tem a sua própria receita tradicional e os seus rituais de confeção. Vários frutos secos, ameixas secas, passas de uva, cascas de frutos variados, cerejas e groselhas são comprados e embebidos em rum e vinho tinto, meses antes das festividades. Esta mistura é depois adicionada à massa transformando-se neste bolo opulento, denso, húmido, fortemente licoroso e cheio de sabor. O que dá a cor preta a este bolo é o açúcar queimado - conhecido como "dourado" - derramado segundos antes do bolo ir para o forno, dando à sobremesa a sua cor escura distinta e rica. A confeção deste bolo não é exclusiva da Jamaica e estende-se a todas as ilhas caribenhas que não dispensam esta tradicional iguaria.
Vinho de Carcavelos
Este bolo rico e opulento fica bem com um vinho também ele opulento e complexo. Um pairing entre esta histórica sobremesa das Caraíbas com um secular vinho doce da mais pequena região demarcada de Portugal é uma escolha muito especial. Um Carcavelos envelhecido em barrica com aromas a frutos secos e especiarias e um excecional equilíbrio entre doçura e acidez é uma experiência que não vai esquecer.
Polónia – Makowiec
Ninguém sabe quem a inventou mas é o doce mais popular de toda a Polónia e presença indispensável na época de Natal. Makowiec é uma torta recheada com uma pasta feita de sementes de papoila, mel, manteiga, passas de uva e nozes. Amêndoas, mel e casca de laranja podem ser adicionadas a fim de realçar sabores. Dizem que quanto mais recheio melhor. Aliás, uma das características desta torta é ter uma camada fina de massa e uma camada grossa de recheio. Makowiec pode ser encontrado por toda a Europa Central, em países como Áustria, Croácia, República Checa, Alemanha, Hungria, Eslováquia, Eslovénia, Roménia, e Sérvia.
Riesling
Um Riesling seco ou meio-seco é uma agradável combinação para esta torta de sementes de popoila. Extremamente aromáticos e com extrema acidez equilibram muito bem esta doce iguaria polaca.
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