
Já bebeu um vinho e ficou com uma sensação quente a fazer lembrar uma pimenta muito suave? Achou estranho? Saiba que essa sensação é uma resposta neurológica a determinados compostos químicos que entram em contacto com a língua. No caso do vinho, um teor elevado de álcool ou uma acidez elevada podem contribuir para essa sensação de aquecimento. Mas não só!
As moléculas de rotundona presentes na casca, nas folhas e no engaço de algumas variedades de uva dão aos vinhos aromas a pimenta preta. Esta molécula, que está presente na pimenta preta e na pimenta branca e em várias ervas aromáticas como tomilho, alecrim, orégãos, manjericão e manjerona foi identificada pela primeira vez em 2008 na Shiraz australiana. Depois desta descoberta muitas outras castas possuindo esta molécula foram descobertas: Gamay, Graciano, Duras, Durif, Mouvèdre, Gamay, Schioppettino, Vespolina e Grüner Veltliner, entre outras. Também pode ser encontrada na Pinot Noir e na Cabernet Sauvignon, por exemplo, mas em concentrações que não são detetadas sensorialmente. Saiba ainda que a sensibilidade à rotundona varia, e há uma percentagem de pessoas que não a conseguem sentir não captando as notas apimentadas de alguns vinhos.
O envelhecimento dos vinhos em barrica também pode desenvolver esses aromas. Consoante o tamanho das barricas, o tipo de madeira utilizada, o tipo de tosta e o tempo de estágio que o vinho permanece em barrica, também os aromas adquiridos diferem. E a conjugação e a complexidade de alguns desses aromas especiados, adquiridos com o envelhecimento em madeira, contribui para as notas apimentadas que podemos sentir num vinho. Alguns dos descritores utilizados são: anis, baunilha, canela, cardamomo. cravinho, gengibre, noz-moscada, pimenta preta, pimenta branca, entre outros.
Apure a sua experiência sensorial com um vinho apimentado!
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